O nome Corredeira dá ideia de rio encachoeirado,o que,em absoluto ,não existe naquela aba de serra.Neste caso,o nome provém de um fato curioso que,infelizmente não há como provar,a não ser com o testemunho de quantos conheceram e conhecem a região.Antônio do Espírito Santo Magalhães-filho de Antônio do Espírito Santo de Oliveira Barcelos e Inácia Maria do Nascimento,neto do capitão Antônio Rodrigues Magalhães,conhecido mais tarde como Velho Comandante- em viagem de exploração de terras,aproximando-se do São Gonçalo,percebeu pelo barulho da água que havia alguém tomando banho.Desceu do cavalo e "tomando chegada" descobriu,por entre os arbustos,que uma jovem e bela índia banhava-se nas águas cristalinas do rio.
Arisca,ao se descobrir observada e "temendo pelas intenções do branco",tratou ela de fugir em disparada ,mata a dentro.Segue-lhe Antônio no encalço,naturalmente,sem perceber no terreno a existência de milenares troncos de árvores fossilizados, porque essas coisas dificilmente perceberia ,enquanto a índia pelada ia correndo na frente.
Tenta a pobre Feliciana -nome pela qual foi batizada no dia dos Santos Reis -escapar do perseguidor ,contornando o morro do Caburé,mas se vê perdendo terreno.Resolve escalar a montanha pela subida íngreme no flanco esquerdo,margeando o rio valente,cuidando despistá-lo em terreno difícil e por ele desconhecido.
O jovem Antônio,no entanto,tinha um fôlego de gato.Galgaram os 730 metros da montanha até o platô onde o riacho se espraia ,chegando ali ,Feliciana exausta e ele resfolegante,porém inteiro.Excitado pelo desafio vencido,segura-a pelo braço e lhe berra na face o grito do vencedor:conheceu índia corredeira.
Dali para a frente,sempre que se referiam ao lugar ,diziam que era onde Antônio pegara a índia corredeira.
Antônio do Espírito Santo Magalhães,levou consigo a índia que ficaria conhecida pelo nome de Feliciana Reis da Conceição,com quem viveu amancebado vários anos e,por fim,viria a casar-se .
Por morte de José da Cunha Araújo,houve a divisão das terras da Corredeira,sendo que o núcleo principal ficou para Joaquim Carneiro,seu filho,morador no Tapado.
Com as divisões que sofreu,passou a corredeira a ter o tamanho atual de meia légua quadrada.Atualmente é habitada por Francisca Miranda-a Dona Nenen,filha de Joaquim Miranda e neta de José Florêncio de Miranda.O acesso ao local da velha fazenda é feito hoje pela mesma trilha íngreme percorrida ,duzentos e tantos anos atrás,por Feliciana e Antônio do Espírito Santo Magalhães.Acasa que hoje existe foi construída poucos metros abaixo da antiga morada de José da Cunha Araújo,da qual ainda existem os alicerces de pedra.
De lá de cima,na cota altimétrica de 731 metros do nível do mar,descortina -se uma vista maravilhosa de todo o São Gonçalo e Lambedouro.
